EDUCAÇÃO FINANCEIRA: Programa de Educação Financeira nas Escolas à luz da governamentalidade

Abstract

Educação financeira, segundo a Associação de Educação Financeira do Brasil (2017), significa proporcionar conhecimento para despertar a consciência das pessoas para decisões de consumo sustentáveis e para o desenvolvimento de uma relação equilibrada com as finanças. Como forma de proporcionar este conhecimento, o Governo Federal do Brasil propôs o Programa de Educação Financeira nas Escolas, cujo principal intuito é “contribuir para o desenvolvimento da cultura de planejamento, prevenção, poupança, investimento e consumo consciente” (AEF-BRASIL, 2011). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é analisar, à luz do conceito de governamentalidade de Foucault, o livro Educação Financeira nas Escolas – Ensino Médio – Bloco 3, escolhido por simbolizar o fechamento de um ciclo na vida do adolescente antes de partir para sua fase adulta mais independente. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos relacionados ao tema, dando ênfase ao consumo consciente, à educação financeira, à governamentalidade e à consciência financeira para fundamentar a análise das situações didáticas apresentadas no livro. Como resultado, observou-se que há contradição no material Bloco 3 no que tange ao consumo consciente, o que também não condiz com os objetivos do programa, de incentivar a cultura do planejamento, prevenção, investimento e consumo consciente. A análise empreendida aponta para a presença de técnicas de governamentalidade neoliberais que incitam os sujeitos a consumir de forma “consciente” por meio de um material de educação financeira, produzido sob uma perspectiva neoliberal, e não humanística e social, que são os verdadeiros focos da escola.